sexta-feira, janeiro 22, 2010

AMORES SOFRIDOS

Revi hoje uma vez mais o clássico western Duelo Ao Sol, com Gregory Peck, Jennifer Jones (recentemente falecida) e Joseph Cotten, nos principais papéis. A exemplo das vezes anteriores, voltei a achar que o filme não tem um enredo por aí além - não é um Rio Bravo ou um Shane, apenas para citar dois dos meus filmes preferidos dentro do género, mas aquele final!... Quando a mestiça Pearl Chavez vai ao encontro do foragido Lewt McCanles, não lhe leva apenas o ímpeto selvagem do seu corpo que ele espera poder domar uma vez mais em seus braços, mas o ódio por alguém que a levou a deixar de lado a vida nobre de senhora educada com que o seu pai sempre sonhou, por uma vida desregrada , sucumbindo mais que uma vez aos prazeres de uma paixão avassaladora que cedo nos apercebemos que iria conduzi-la para o abismo, aqui na figura da rocha da Cabeça do Índio, onde os dois acabam por se esvair em sangue depois de uma troca de tiros que termina num beijo daqueles de ficar sem fôlego. Aí, é difícil continuar a manter a raiva que tínhamos por um dos raros papéis de vilão protagonizado por Gregory Peck. O amor, aqui tantas vezes confundido com o ódio, com a loucura, com o simples mas arrebatador e inflamado desejo, consegue apagar parcialmente todos os erros anteriores e levá-lo à redenção, pelo menos aos olhos do espectador. Lembro-me de Romeu e Julieta e tantos outros amores impossíveis e trágicos da tela e da vida real onde todos os dias alguém mata por amor ou por ciúmes. Em Duelo ao Sol, Pearl, como um diabo cheio de tentação e pecado atraiu Lewt para um sentimento que destruiu toda uma família, um amor daqueles tantas vezes sonhados, impetuosos e cheios de fogo que raramente nos passam pelos braços e pelo coração, e que mesmo assim nos deixam tantas feridas abertas, tanta dor e desilusão.

2 comentários:

Regina Rozenbaum disse...

Ah Miguel...os amores, as dores...Mas há como viver sem ele?
"Sem que eu soubesse, as coisas não ditas haviam crescido como cogumelos venenosos nas paredes do silêncio, enquanto ele ficava acordado na cama, fitando o teto, com o branco dos olhos reluzindo na penumbra. Se eu interrogava, o que você tem amor? Ele respondia que não era nada, estava pensando no trabalho. A gente sabia que era mentira, ele sabia que eu sabia, mas nenhum de nós rompeu aquele acordo sem palavras. Nunca imaginei o mal que o roía." (Lya Luft em O silêncio dos amantes)
Beijuuss n.c.
Regina
www.toforatodentro.blogspot.com

Guma disse...

Amor, para o ser realmente, tem de ter essa parte sofrida e repleta de altos e baixos. Mas também será que lhe daríamos o valor que lhe damos se ele não alternasse entre todos esses humores?
Desejos de muita paz acompanhados de um kandandu amigo para o Miguel.

Obs.: Muito bom ver por aqui a Regina que muito prezo.