domingo, maio 17, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO!...

Ontem, pouco depois do jantar e, como quase sempre faço, fui dar uma volta. A imagem da Nossa Senhora de Fátima tinha saído pouco tempo antes da igreja de Cacilhas, pelo que, chegado à Praça Gil Vicente me juntei às já várias centenas de populares que ali se encontravam, na expectativa de vislumbrar esse símbolo da fé cristã, cujo magnetismo consegue aglomerar multidões de crentes atrás de si, mas também simples curiosos como eu. Curiosidade, sim, assim como várias outras razões, que juntas me impeliram a terminar ali o meu passeio nocturno, e nenhuma delas relacionada com qualquer tipo de devoção católica. Dizem, e talvez seja verdade, que é nos momentos de maior crise que as pessoas mais procuram refúgio nas suas crenças, na fé e nos seus símbolos. O banho de multidão com que Cacilhas e Almada receberam ontem a imagem vinda de Fátima é bem esclarecedora desse ponto de vista.


(foto retirada do blogue Infinito's)

Não sou um homem que acredite em muita coisa. Eu tenho a minha fé, uma crença que não é alicerçada em deuses, nem em imagens, muito menos em romarias e sacrifícios que chegam a roçar as fronteiras da auto-flagelação e do absurdo, de tão desumanos. Todavia, tenho o maior respeito por aqueles que acreditam, sejam eles desta ou daquela religião. Desde sempre, as pessoas sentiram necessidade de acreditar em algo superior a elas mesmas, que as fizessem não só acreditar em dias melhores, como também retirar dos seus ombros a pressão e a responsabilidade por não conseguirem atingir os seus objectivos.


(foto tirada pelo meu telemóvel de 1.3 megapixeis)

"Deus não quis assim", ou "se Deus quiser...", são expressões que nos acompanham desde sempre, católicos ou ateus, tão enraízada está a influência dos valores cristãos na nossa sociedade. Talvez por isso me tenha passado pela cabeça a ideia de um pedido, à passagem da Santa, mas daí a concretizá-lo pareceu-me uma heresia, um atrevimento da parte de quem crítica tantas vezes os fundamentalismos do Cristianismo. Os pedidos, esses, continuo a fazê-los todos os dias a um Deus desconhecido, mesmo que continue a renegar a sua existência, mesmo que a crença por vezes saia mais forte do coração do que propriamente da razão, mas já não peço nada para mim. Amor, saúde, fortuna, a concretização dos seus sonhos é tudo o que peço para aqueles que amo. Talvez um dia, talvez... se Deus quiser.

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