domingo, fevereiro 08, 2009

PORQUE HOJE É DOMINGO...


Parece haver pessoas com o condão de estragarem tudo em que tocam ou causarem dor e sofrimento a quem deles se aproxima. Não estou a falar em acções premeditadas, com o intuito prévio de magoar alguém ou danificar algo. Falo de pessoas que inadvertidamente e sem qualquer intenção, numa palavra inocente, num gesto distraído são capazes de pôr tudo a perder: um namoro, uma amizade, um negócio... Perto dessas pessoas, o Sol é sempre mais cinzento e o solo menos fértil. Essas pessoas, geralmente, parecem ter o estranho prazer de se deixarem abater por um estado anormal de auto-comiseração, sorvendo a sua própria dor como a daqueles que lhes são mais próximos. E desse estado já não saem, simultâneamente de raiva contra umas supostas forças do destino - que toda a vida insistiram em conspirar contra si - e de uma quase total apatia para virar a mesa, como se essa dor, essa sensação de impotência lhes alimentasse e servisse de consolo. Do lado oposto, encontramos pessoas a quem tudo de bom lhes acontece, mesmo que pouco ou nada façam por isso. Geralmente, só conhecemos essas pessoas da televisão ou das revistas. Reis Midas dos nossos dias. Midas foi sempre uma das minhas personagens preferidas da mitologia grega, não pelo seu dom de transformar em ouro tudo em que tocava, mas sobretudo pela moral que podemos retirar da sua história. Nunca na sua longa história houve um personagem similar em Portugal. À falta de um Midas, temos um Sócrates que não é filósofo mas engenheiro, mas que também fala, fala... e pouco ou nada diz. Mas não se pense que a vida de Midas era um mar de rosas, ou de barras de ouro, porque tudo na vida tem o seu oposto e mesmo para um Midas armado em Tio Patinhas, apesar de todo o ouro, não conseguia comer ou sequer ler um livro, transformou a sua filha numa estátua e amores, esses... só mesmo platónicos ou virtuais. Afinal, a exemplo do que sempre aqui escrevi, de que na vida nem tudo é bom ou mau, certo ou errado, branco ou preto, prevalece a boa e velha sabedoria popular, de que a virtude continua lá, onde deve estar, bem no meio.

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