domingo, outubro 29, 2006

JOAQUIM

Como pode acabar assim
pobre, sujo e louco
velho amigo Joaquim;
baba ao canto da boca
olhar vidrado embevecido
pelas catraias que passam na rua.
Ah, Joaquim, Joaquim!,
é triste ver chegar o fim,
um copo em cada taberna
e um lugar à espera
no banco de um qualquer jardim.
Fala pouco quando sóbrio
passa a vida a blasfemar,
trabalho, trabalho, trabalho
já não há - ninguém o quer.
Pobre e velho Joaquim
vive de sonhos, amarga realidade
cultiva-os, alimenta-os
é rico e ninguém sabe, é alvo de chacota.
Atrai-lhe a juventude que o afronta
as pernas bonitas, os seios quase à mostra,
não molhes as calças, Joaquim!
No tempo dele, coitado do Quim,
um beijo só às escondidas
namorar só para casar, nunca se enforcou.
Pobre amigo, Joaquim, nascido em tempo errado
vai morrendo pouco a pouco
a procurar os seus sonhos
no interior duma qualquer garrafa,
branco ou tinto
... tanto faz!

Sem comentários: