quarta-feira, outubro 11, 2006

E PORQUE NÃO ESTÁS


E porque não estás vou à procura do prazer que não tenho, de tudo o que não me dás e eu preciso, dum sentido que me ilumine e oriente, duma vela acesa na minha longa estrada. E porque não estás vou às musas do que escrevo, por caminhos que escrevo e sei, ao mais proíbido dos frutos, onde não houvera d'ir e já fui, efémeros prazeres de adolescente numa cama fria de solteiro, onde a tua ausência se faz premente. E porque não estás traio-te mil vezes em pensamentos ímpuros, os olhos febris num constante vai-vem e na cabeça variações de Sade, o corpo definhando na saudade de sentimentos que doem, de cheiros palpáveis, de palavras frias que me deixam a arder, dos beijos que não me dás, porque não estás... porque não queres estar. E porque não estás sigo à toa num rumo incerto sem rota traçada, invento-te em cada verso, desenho-te em cada poesia, de cada palavra faço teu corpo, em cada letra pedaço de um rosto; alimento-me de vida fingida, a preto e branco, da cor do meu desgosto.

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