terça-feira, julho 11, 2006

4 - ALIMENTO PARA O CORPO E PARA A VISTA

O pequeno almoço é servido pelas 9.20, o café está queimado e é acompanhado por uma conversa animada sobre doenças. Terminada a refeição principia uma demonstração de alguns produtos da agência que patrocina a viagem. Pelos nove euros pagos, até se faz um sacríficio, penso, antes de ver a demonstradora. A viagem estava paga e mais que paga. Podia terminar aqui e eu dizia-vos para esquecerem tudo o que escrevi até agora. Não existem coíncidências: o papel da mulher na sociedade, por mais que elas digam que não, ainda está um pouco ligado à imagem: uma mulher bonita ajuda a vender. Pobres das feias! Felizmente para ela, tem algo mais que uma cara bonita - e não me refiro ao resto do corpo - e o seu estilo cativante torna o que poderiam ser umas duas horas de seca num leve bocejo. 12.22, gastei 10 euros num óleo que, segundo a demonstradora, tem mais utilidades que aqueles sprays que poem nos jogadores de futebol e que dão para pequenos e grandes toques, contusões, hematomas e hemorroidas. Segue-se uma breve mas chata exposição de casacos. 12.50, a nossa guia fica surpresa quando lhe digo que é sou passageiro de primeira viagem e diz que tem a sensação de me conhecer de algum lugar, o que é recíproco, apesar de nenhum de nós se lembrar de onde. Talvez de outra encarnação. O almoço começa com uma sopa surpreendentemente agradável. Parece haver uma disputa qualquer entre a maioria dos idosos, tantas as vezes que, de prato na mão, acorrem a repetir a dose. Será que passam uma semana sem comer, antes de cada passeio?

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