sábado, maio 20, 2006

SNOOPY

Fez hoje um ano, pelas 17 horas e cinco minutos que te deixei no veterinário, onde te foi aplicada uma injecção que poria fim a um sofrimento que se ía arrastando, sem melhoras, fazendo de ti uma débil amostra do gato ágil e saudável que um dia foste.
Ainda hoje, quando penso nesse dia, não deixo de me questionar se agi da melhor maneira. Não importam as lágrimas contidas a custo ou aquelas que não evitei verter. É fácil dizer que se uma pessoa que não conhecemos está a sofrer e a dar trabalho aos outros, o melhor para ele era que, esse Deus de que tantos falam, esse Deus tão misericordioso, o levasse, pondo fim a um sofrimento doloroso e muitas vezes humilhante. Quem pode ou deve decidir da vida e da morte?
Da mesma maneira como fazemos com os nossos entes mais queridos, em que julgamos sempre que deixámos para trás um espaço em branco por preencher, de palavras que ficaram por dizer, de gestos perdidos na intenção, do muito que podíamos ter feito e não fizémos, também eu sinto que poderia ter demonstrado mais e melhor todo o amor que sentia por ti. Acontece sempre, com todos aqueles que amamos, pessoas ou animais.
Gostava de me ter despedido de outra forma, de ter tido a coragem de te acompanhar no último momento. Gostava de ter adivinhado os teus pensamentos nos meses que antecederam este dia, um ano atrás, para saber se era essa ou não a tua vontade. Sinto saudades desse miar a horas impróprias que tanto me irritava, das vezes em que procuravas aconchego sob as minhas camisolas ou pullovers e começavas com aquele rnronar tão característico de satisfação. Gostava que me perdoasses, que tivesses sabido o quanto gostava de ti, o quanto continuo a gostar.

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