segunda-feira, novembro 28, 2005

A TUA SAUDADE

Há marcas que não se apagam nunca,
estacas profundas que fizeram sangrar
este coração estilhaçado, em cacos.
Há feridas que nunca cicatrizam
olhares que ficam, gestos e palavras
que nunca se esquecem, nunca se esperam.
Todos nós um dia, por mais ateus, fomos Cristo
às mãos de um Judas qualquer, todos nós
um dia nos crucificámos de livre vontade
na cruz da nossa ingenuídade e fé,
e de lá saímos, o orgulho ferido, cabisbaixos,
o corpo em chaga ardente de mil estigmas
e na cabeça coroada de espinhos a lembrança
de um pecado agrídoce que por vezes me assalta,
me toma nos braços da penitência e me flagela
no castigo da tua saudade.
19OUT02

Sem comentários: